Desenvolvimento cognitivo na primeira infância

Hoje temos novo artigo com a nossa querida Viviane Landis!! Vamos lá??

Olá a todos!

Espero que tenham passado um finalzinho de ano tranquilo, apesar de todas as mudanças que tivemos que enfrentar e nos ajustar. Desejo a todos um 2021 cheio de saúde, conquistas e em parcerias saudáveis e produtivas.

E a nossa parceria com o Psicomotricitando, como será este ano?

Ela irá crescer mais ainda! Pois quando encontramos pessoas/ profissionais queridos, comprometidos com o seu trabalho e disponíveis a partilhar e crescer junto, o caminho não pode ser outro que o de estreitar laços e ampliar compromissos! Em breve apresentaremos todas as novidades a vocês! Aguardem!

Agora vamos lá ao que interessa?! O tema dos artigos do mês de janeiro será a primeira infância e, a cada semana, será abordado um aspeto diferente desse período do desenvolvimento infantil.

A escolha do tema deu-se devido às sugestões e dúvidas dos seguidores do Psicomotricitando.

Hoje exploraremos o desenvolvimento cognitivo na primeira infância. Prontos?

Primeiramente, é importante esclarecer os dois conceitos centrais de nossa “conversa”: primeira infância e cognição.

Primeira infância é um termo usado no Brasil para designar o período que vai do nascimento aos seis anos de vida da criança, já cá em Portugal, é utilizado um termo parecido, pequena infância, porém, compreende a faixa de idade do zero aos três anos de vida da criança. Para fins didáticos e para ampliarmos a nossa discussão, abordaremos os aspetos do desenvolvimento cognitivo de zero aos seis anos. 

Quanto à cognição, a palavra vem do latim “cognoscere“, que significa conhecimento. A cognição diz respeito à nossa capacidade de assimilar e processar os dados que nos chegam de diferentes vias (perceção, experiência, crenças) para convertê-los em conhecimento. Ela engloba diferentes habilidades cognitivas como a atenção, a memória, a linguagem, o raciocínio, a tomada de decisão, dentre outras.

maturação do cérebro, com uma imensa produção de células nervosas, inicia-se antes do nascimento e continua, principalmente, ao longo dos dois primeiros anos de vida com o crescimento contínuo do volume do cérebro, e constitui um período de grande vulnerabilidade. Do zero aos seis anos, há elevada plasticidade cerebral, o que significa uma maior capacidade de transformação do cérebro devido aos estímulos e experiências vivenciados. Estudos sobre a associação entre estimulação ambiental e cognição mostram que ambientes orientados a estimularem os seus bebés contribuíram para o desenvolvimento cognitivo das crianças, observando-se consequências positivas a longo prazo.

É importante lembrar que, ao longo do desenvolvimento, as áreas do cérebro não maturam ao mesmo tempo. Por exemplo, a perceção auditiva começa antes do nascimento, já as áreas do cérebro envolvidas na memória declarativa (as lembranças) e na visão não estão maduras no nascimento.

O desenvolvimento cognitivo infantil está associado ao desenvolvimento da atenção, da memória, das habilidades sociais, da linguagem, raciocínio lógico, planeamento e resolução de problemas. Essas três últimas habilidades constituem as chamadas funções executivas, que são ainda compostas pelas capacidades de memória de trabalho, controle inibitório e flexibilidade mental (que já vimos em artigos anteriores, clica aqui). Todas elas são fundamentais para que o indivíduo, progressivamente, consiga gerir os diferentes aspetos da sua vida com autonomia. O desenvolvimento das regiões pré-frontais do cérebro favorece a aquisição das habilidades relacionadas às funções executivas.

Sobre a capacidade de focar e sustentar a atenção nos estímulos do meio, o bebé, e depois a criança, mostra progressiva melhora, aumentando gradativamente a sua concentração durante períodos de tempo cada vez mais longos. Entre oito e dez meses, inicia-se a capacidade de manter a atenção apesar de distrações. Mas as crianças pequenas conseguem manter curtos períodos de atenção e isso está adequado, pois, as áreas cerebrais responsáveis estão a se maturar. A memória visual de curto prazo, por sua vez, o bebé entre sete e nove meses, dá sinais da sua presença quando ele mostra a noção de permanência do objeto, ou seja, a noção de que uma coisa continua a existir mesmo que não consiga vê-la. Até os dois anos se dá um grande desenvolvimento da memória, e a repetição das atividades, inclusive após essa idade, auxilia nesse processo, permitindo à criança antecipar os acontecimentos, retomar atividade que foi interrompida e desenvolver um entendimento das sequências de acontecimentos que constituem os seus dias.

O controle inibitório e a flexibilidade mental são habilidades mais complexas, que iniciam a maturação a partir dos 4 anos, e atinge o seu ápice apenas na idade adulta. Porém, já na primeira infância merecem toda a atenção na estimulação quotidiana, pois a repetição fortalece a conexão entre as células nervosas (neurónios). Tendo em vista que as regiões pré-frontais do cérebro possuem interconexões importantes com outras áreas do cérebro, como o sistema límbico, essencial na regulação das emoções, juntas coordenarão a resposta ao medo e ao stresse, por exemplo. As funções executivas, à medida que se desenvolvem, passam a influenciar respostas emocionais. Reparem só como tudo está interligado no nosso cérebro!

As crianças necessitam de apoio para construir as suas habilidades cognitivas nos ambientes em que estão inseridas, e o ambiente deve ser propício para que as crianças pratiquem as habilidades que estão a maturar. O desenvolvimento de uma criança deve ser medido e acompanhado normalmente como uma das estratégias de prevenção de saúde. Quando se verifica divergência ou atraso entre as habilidades cognitivas (em uma ou mais), deve chamar a atenção e direcionar a criança para medidas de intervenção precoce.

E então, tens alguma dúvida acerca do Desenvolvimento Cognitivo na Primeira infância? Conta-nos tudo nos comentários!

Um grande abraço e boa leitura!

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Este artigo é da autoria da nossa querida convidada: Viviane Balero Landis – psicóloga e neuropsicóloga (vivianebaleronp@gmail.com). Descobre mais sobre ela em: https://www.instagram.com/viviane.landis/?hl=pt 😉

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