Vamos falar um bocadinho da importância do brincar. Durante muito tempo e ainda hoje, prevalece a indiferença, de muitos ao ambiente escolar, pelo uso do lúdico no ensino das crianças. O brincar era e é tratado como uma atividade não séria que não se enquadra nos padrões de ensino (Santos, 2009 cit in Beckert & Trenhago, 2016). E estas linhas de pensamento acabam por descredibilizar os benefícios de brincar.
Eu como psicomotricista uso o brincar para estimular o desenvolvimento nos meus pacientes. Segundo Le Boulch (1987), o trabalho psicomotor com crianças prevê a formação de uma base indispensável quer seja no seu desenvolvimento motor quanto psicológico e afetivo, através de atividades lúdicas a criança desenvolve suas aptidões perceptivas como meio de ajustamento do comportamento psicomotor.
Oliveira (2008) defende que ao brincar, o afeto, a motricidade, a linguagem, a percepção, a representação, a memória e outras funções cognitivas estão profundamente interligadas. O brincar favorece o equilíbrio afetivo da criança e contribui para o desenvolvimento social.
Segundo Luckesi (1994), a atividade lúdica ajuda a desenvolver a capacidade criativa da criança, atuando como uma atividade orgânica e ao mesmo tempo prazerosa para a criança, já que a brincadeira proporciona uma melhor qualidade da vida escolar. Defende ainda que a prática de brincadeiras é um dos mais eficazes instrumentos que permitem a interação do interior da criança com o mundo exterior. Brincar é uma necessidade para a criança, que favorece a passagem do período sensório-motor ao lógico concreto. Por meio da brincadeira a criança começa de forma graduativa a operar mentalmente, formando categorias conceituais e relações lógicas, a partir dos símbolos e representações individuais (Barreto, 2000).
Brincar é uma forma de linguagem!!
No momento em que a criança brinca, ela cria, ela vive aquele momento (Beckert & Trenhago, 2016).
Por isso brinquem os vossos pequenos e graúdos!
Fontes:
BARRETO, Sidirley de Jesus. Psicomotricidade: Educação e Reeducação. Blumenau: Odorizzi, 2000.
BECKERT, Elisandra Andréia; TRENHAGO, Janinha. Psicomotricidade Infantil: a Arte de Brincar e Aprender Através do Lúdico. Psicologado. (2016).
LE BOULCH, Jean. A Educação Psicomotora: Psicocinética na Idade Escolar. Tradução: WOLF, Jeni. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.
LUCKESI, Cipriano Carlos. O Lúdico na prática educativa. São Paulo: Papirus, 1994.
OLIVEIRA, Zilma Ramos de. Educação Infantil; Fundamentos e Métodos. São Paulo: Cortez, 2008.
SANTOS, Santa Marli Pires dos. Brinquedoteca: a criança, o adulto e o lúdico. Petrópolis: Vozes, 2009.