PEA e o sexo Feminino

Olá, a todos! No meu último artigo, disse a vocês que encerraríamos a abordagem sobre o PEA, mas reavaliamos e  pensamos em trazer mais esse tema em virtude da sua relevância, que é a Perturbação do Espectro Autista no sexo feminino.

Por que decidimos abordar este tema?

Observamos que nos últimos anos o diagnóstico de PEA tem sido mais abordado, tem sido mais falado e estudado, e assim mais pessoas têm a oportunidade de terem esclarecidas as causas das suas dificuldades.

No entanto, o PEA no sexo feminino é subdiagnosticado, ou a identificação da condição acaba por ser mais tardia que no sexo masculino e isso poderá levar a imenso impacto negativo no desenvolvimento da criança e no manejo das alterações provindas da condição.

Mas por que razão acontece esse atraso no diagnóstico?

Porque há algumas especificidades que “mascaram” os sintomas.

Explicaremos melhor a seguir.

O PEA é diferente no sexo feminino?

Não há diferença quanto aos critérios diagnósticos, que são os mesmos do DSM 5, independente do sexo. Porém, as meninas costumam apresentar habilidades linguísticas mais avançadas que os meninos, e o atraso na linguagem é, normalmente, o primeiro sinal de autismo notado por pais e médicos.

Outro fator que confunde pais e profissionais da saúde é que alguns sinais do PEA são semelhantes ao da ansiedade e depressão em meninas e quando esses sintomas começam a causar grande impacto na rotina, as meninas já estão na adolescência.

As meninas costumam ter desejo maior de socializar e fazer amigos, apresentam mais habilidades imaginativas e capacidade de fantasiar e frequentemente se sentem frustradas por não conseguirem. Já os meninos, em muitos casos, não fazem questão de ter companhia e tendem a ficar mais isolados. Por isso, as meninas conseguem disfarçar as suas dificuldades copiando o comportamento de outras meninas ou tentando envolver-se em brincadeiras.

Costuma também ser maior o número de meninas que apresentam menos estereotipias (termo médico para ações repetitivas de movimento, postura ou fala que fazem parte da rotina de pessoa com espectro do autismo) e quando ocorrem, elas tendem a inibir esses comportamentos com maior intensidade para parecerem semelhantes aos seus pares. Muitas atitudes das meninas que podem sinalizar o espectro do autismo são aceitas como características próprias como timidez ou gosto por organização para ações repetidas de arrumação.

Há também estudos que apontam para um aparente fator protetor do sexo feminino em relação à condição do autismo. O cérebro das meninas é conectado de uma maneira diferente, mas também sabemos que a sociedade também espera coisas diferentes delas, o que impacta no comportamento.

É importante relembrar que:

A ciência busca marcadores (sinais biológicos) que identifiquem o autismo, mas por enquanto o diagnóstico é clínico, ou seja é feito com base no comportamento e na história de vida. Mas o maior desafio atualmente ainda é treinar o olhar dos profissionais que acompanham a criança, como pediatras e professores, porque os pais muitas vezes notam o comportamento estranho e escutam que é preciso esperar o tempo da criança. Há marcos no desenvolvimento que devem ser respeitados, porém, se o atraso começa a se distanciar muito do que é esperado, é de extrema importância a busca por ajuda profissional.

Desejo a todos (as) um bom fim de semana! E quaisquer dúvidas sobre o tema, faça contacto connosco!

Por falar em questões!

Referência bibliográfica:

Transtorno do Espectro autista na prática clínica/ Annelise Júlio-Costa e Andressa Moreira Antunes. São Paulo: Pearson Clinical Brasil, 2017.


Este artigo é da autoria da nossa querida convidada: Viviane Balero Landis – psicóloga e neuropsicóloga (vivianebaleronp@gmail.com). Descobre mais sobre ela em: https://www.instagram.com/viviane.landis/?hl=pt 😉

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