Perturbações da comunicação: estratégias para pais e cuidadores

Durante o mês de março, trouxemos nos nossos artigos a temática das “perturbações/transtornos do neurodesenvolvimento” e agora, no mês de abril, as estratégias de intervenção para lidar com algumas dessas perturbações/transtornos. Hoje falamos sobre como lidar com as perturbações/transtornos da comunicação (para quem não se recorda do que são é só clicar AQUI).

É importante, porém, relembrarmos a definição trazida pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5:

“Os transtornos/perturbações do neurodesenvolvimento são um grupo de condições que manifestam-se cedo no desenvolvimento, em geral antes de a criança ingressar na escola, sendo caracterizados por défices no desenvolvimento que acarretam prejuízos no funcionamento pessoal, social, acadêmico ou profissional. Os défices de desenvolvimento variam desde limitações muito específicas na aprendizagem ou no controlo de funções executivas até prejuízos globais em habilidades sociais ou inteligência…

Essa breve explicação faz-se necessária, a meu ver, porque muitas são as famílias que confundem “dificuldades” com “transtornos/perturbações” do neurodesenvolvimento.

Os transtornos/perturbações da comunicação podem manifestar-se principalmente em:

TRANSTORNO/PERTURBAÇÃO DA LINGUAGEM

Quando se observa dificuldades na aquisição e no uso da linguagem por déficies na compreensão ou na produção de vocabulário, na estrutura das frases e no discurso.

O QUE FAZER?

  • Oferecer leituras de histórias para a criança é uma excelente maneira de desenvolver a linguagem. Podem ser histórias na hora do banho, na hora de dormir ou até reservar um momento no fim de semana (deixamos algumas sugestões AQUI).
  • Brincar de inventar histórias com objetos da casa ou até mesmo com brinquedos que a criança tem. A mãe/pai começa, a criança completa, volta a vez para a mãe/pai e assim por diante até ficar gira e criativa.
  • Conversar sobre a rotina que terão no dia também é muito bom.

TRANSTORNO/ PERTURBAÇÃO DA FALA

Quando a produção da fala está relacionada com a articulação clara de fonemas, que, combinados, formam as palavras faladas. Essa produção exige tanto o conhecimento fonológico dos sons da fala quanto a capacidade de coordenar os movimentos dos articuladores (mandíbula, língua e lábios) com a respiração e a vocalização para a fala.

O QUE FAZER?

  • Procurar falar corretamente com a criança e todas as ocasiões. Muitas vezes, carinhosamente, os pais acabam por “aceitar” falas incorretas… o melhor a fazer é oferecer a fala correta, sem precisar falar que a criança disse algo errado.
  • Jogos de palavras e adivinhas onde a criança terá a oportunidade de ampliar o seu “repertório de palavras”.

TRANSTORNO/ PERTURBAÇÃO DA FLUÊNCIA

Quando a fala é marcada por repetições frequentes ou prolongamentos de sons ou sílabas e por outros tipos de disfluências da fala, incluindo palavras interrompidas, bloqueio audível ou silencioso, palavras produzidas com excesso de tensão física e repetições de palavras monossilábicas.

O QUE FAZER?

  • Evite dizer “calma” ou “respira” à criança… procure agir com naturalidade e deixar a criança expressar-se. Ao final da fala da criança, repita o que ela disse, sem as “repetições” e “prolongamentos”. “Devolva essa fala” para a criança para que ela tenha a oportunidade de ouvi-la da maneira adequada.
  • Ofereça brincadeiras cantadas ou leituras de poemas para que a melodia da fala seja modificada e suavizada.

TRANSTORNO/ PERTURBAÇÃO DA COMUNICAÇÃO SOCIAL

é quando existe uma dificuldade primária com a pragmática, ou o uso social da linguagem e da comunicação, evidenciado por défices em compreender e seguir regras sociais de comunicação verbal e não verbal em contextos naturais, adaptar a linguagem conforme as necessidades do ouvinte ou da situação e seguir as regras para conversar e contar histórias.

O QUE FAZER?

  • Brincadeiras que ressaltem o “jogo simbólico”, como por exemplo, brincar de casinha, brincar de escola, brincar de super heróis, brincar de fazer compras no supermercado… brincadeiras que envolvam contextos sociais e trocas de papéis. A criança pode ser o adulto ou a criança da brincadeira, mas precisa agir como tal. Depois, inverte-se.
  • Contar histórias e depois mudar o final. Num outro momento, mudar o começo… solta a imaginação.

Muitas são as estratégias… dá para criar e ressignificar, mas nunca esqueça de que o auxílio de um profissional especializado no assunto é fundamental. Entretanto, recomendamos que ouças o nosso podcast – Conversas Boas – para saber mais sobre estratégias para pais e profissionais (Clica AQUI ou na imagem para ouvir).

E o que você achou dessas estratégias? Experimente e depois conte-nos.


Este artigo é da autoria da nossa querida convidada: Juliana Alves de Andrade – fonoaudióloga e psicopedagoga (jcalvesfono@gmail.com). Descobre mais sobre ela em: https://www.instagram.com/juliana.fono/?hl=pt