Desenvolvimento socioemocional dos 7 a 11 anos

Olá, pessoal! Todos bem? Esperamos que sim!


No artigo anterior falamos sobre os aspetos cognitivos das crianças de 7 a 11 anos e, no de hoje, falaremos sobre os aspetos emocional e social nessa faixa etária.
Vamos lá?

Neste período, a criança deve adquirir a competência de realizar as tarefas escolares, ela está a ser alfabetizada e a frequentar a escola, o que propicia o convívio com pessoas que não são seus familiares e exigirá maior socialização, trabalho em conjunto, cooperatividade. Caso tenha dificuldades, o próprio grupo irá criticá-la, passando a viver a inferioridade em vez da construtividade, a postura do professor é um fator primordial, mais do que a dos pais, porque a criança precisa sentir-se competente também fora do lar, no convívio social e na aquisição das habilidades escolares. Nesta fase, o incentivo e atenção do educador são fundamentais.

Nessa fase, do ponto de vista emocional, as crianças começam a consciencializar os seus próprios sentimentos e os sentimentos dos outros; começam a controlar melhor as suas emoções em situações sociais. O crescimento emocional expressa-se em maior autocontrolo de emoções negativas, sabem as emoções que as deixam tristes, com raiva ou medo e, inicialmente, podem reagir a elas de formas inadequadas (agressivas ou tentando não reconhecê-las), mas, com a ajuda do adulto, estão mais aptas a aprender formas mais adaptativas de identificá-las e expressá-las. Os ambientes familiar e escolar são fundamentais para o desenvolvimento do controlo da emoção e da autoestima (maior confiança em si mesmo, maior facilidade em aceitar desafios).

O desenvolvimento de comportamentos pró-sociais, que são aqueles que promovem interações sociais positivas e que criam oportunidades de aprendizagem de outros comportamentos mais complexos, estão intimamente ligados aos aspetos emocionais da criança. Os comportamentos pró-sociais ajudam as crianças a tornarem-se mais empáticas em situações sociais e competentes para enfrentar os problemas de maneira mais construtiva.

Trabalhar em sala de aula ou em família com estratégias de encenação de situações do quotidiano, que também envolvam a troca de papéis, auxilia na compreensão do problema sob o ponto de vista do outro. É um passo decisivo para o desenvolvimento da empatia.

Relacionar-se com pares da mesma idade cronológica é um excelente aprendizado de comportamentos pró-sociais, pois possibilita a aquisição do senso de identidade, habilidades de liderança, de comunicação, de cooperação e de papéis, além de regras. É o início do afastamento dos pais, já que o grupo de amigos abre novas perspetivas.


É uma época em que, principalmente no ambiente escolar, as crianças têm contacto com valores diferentes dos seus, pondo à prova aqueles aprendidos com a família. É quando, para ser aceite no grupo, podem abrir mão de valores familiares para responder a outras formas de controlo. Haverá crianças que estarão mais abertas à influência de outros, apresentando comportamentos socialmente inadequados só para ser aceite no grupo de amigos. É necessário treinar habilidades sociais, de forma que a participação da criança no grupo seja um fator de proteção do seu desenvolvimento.

Nestas idades, começa também a aparecer o preconceito (atitude desfavorável em relação a outros membros do grupo que, por algum motivo, destoam da maioria). Ele, em geral, aparece e é reforçado pelo grupo. O bullying (conjunto de comportamentos agressivos, geralmente maldosos, deliberados e aplicados de forma consistente e frequente em vítimas incapazes de se defender) torna-se mais frequente e impiedoso. A equipa escolar, principalmente o professor, deve estar atento para impedir que atitudes de agressão a outros aconteçam, utilizando estratégias de manejo comportamental. Incentivar a amizade em detrimento de disputas e competições é saudável e pode estabelecer um ambiente favorável para o desenvolvimento de comportamentos socialmente aceitáveis, que contribuam para o desenvolvimento dos alunos.


Portanto, como vimos, esse é o período da primeira “saída” ou afastamento da família e contacto mais intenso com o mundo, e há alguns problemas afetivo-comportamentais mais frequentes, como: comportamento desafiante opositor (negatividade, hostilidade e provocação); fobia escolar (medo irrealista de ir à escola) e depressão infantil (transtorno afetivo caracterizado por sintomas como falta de amigos, falta de prazer, pouca concentração). Portanto, a busca por ajuda profissional especializada (psicólogo, psiquiatra) não deve ser adiada quando pais e professores não conseguem lidar com as dificuldades comportamentais e emocionais da criança. Muitas vezes se espera que, com o amadurecimento, “as coisas” se resolvam sozinhas, o que é um erro.


Enquanto essa fase é permeada por aquisições cognitivas importantes, que impulsionam o desenvolvimento psicossocial, não se observam mudanças físicas significativas, ao contrário do que acontecerá na próxima etapa, a adolescência.

É preciso lembrar que, embora algumas dificuldades tenham sido apontadas no desenvolvimento nesse período da vida, a alegria e o prazer, com os desafios e conquistas que o amadurecimento proporciona, estão sempre presentes. Tornar-se disponível e procurar se colocar no lugar da criança são grandes passos no sentido de compreendê-la e auxiliá-la, além de vibrar com suas conquistas.


Um grande abraço e boa leitura!

Este artigo é da autoria da nossa querida convidada: Viviane Balero Landis – psicóloga e neuropsicóloga (vivianebaleronp@gmail.com). Descobre mais sobre ela em: https://www.instagram.com/viviane.landis/?hl=pt 

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